APL apresenta parecer técnico em contraponto a fala do presidente da Petrobras

Foi apresentado na manhã desta quarta-feira (12), pelo diretor presidente do Arranjo Produtivo Local (APL) do Polo Naval e de Energia de Rio Grande e Entorno, o vice-reitor da FURG, Danilo Giroldo, um parecer técnico sobre as alegações expostas pelo presidente da Petrobras, Pedro Parente, a cerca do Polo Naval de Rio Grande e São José do Norte.

Giroldo fez uma breve apresentação do APL que hoje conta com 85 associados, desde estaleiros, indústrias, fornecedores, instituições de ensino e pesquisa, associações empresariais e sindicatos.

O documento foi apresentado para associados, imprensa e comunidade geral e pontuou quatro temas: Atrasos da Indústria Naval Local; Perspectivas para a Plataforma P71; Petrobras como Instrumento de Políticas Públicas e a Responsabilidade da Petrobras.

Atrasos da Indústria Naval Local

Quanto à alegação dos atrasos na entrega das plataformas, Danilo, ponderou que tanto a P58 quanto a P63 foram entregues no prazo e que os atrasos nas primeiras plafaformas são justificados pelo atraso de 12 meses na chegada do casco a Rio Grande e pelo projeto ser pioneiro no município, com desafios de capacitação de mão de obra e fornecedores.Os altos níveis de segurança no trabalho na indústria nacional e a elevação nos padrões de Compliance também influenciaram nos prazos.

Contudo, segundos dados do Sinaval, as construções navais encomendadas pela Petrobrasfeitas no exterior, sem conteúdo local, também apresentam atrasos na entrega.

Porém, a Petrobras não reconheceu suas responsabilidades nos atrasos e nos problemas de Compliance e não indicou nenhuma ação significativa de redução de danos para as regiões afetadas.

Perspectivas para a Plataforma P71

Outros dados que reforçam a conclusão da P71 são os custos e prazos apresentados pela indústria brasileira, que são menores do que o apresentado pelo mercado externo. Mesmo alegando que não, a Petrobras tem interesse nesta obra, uma vez que está cotando a P-71 no mercado internacional.A preparação e lançamento do edital de construção da P-71 em Rio Grande configuraria uma ação de redução de danos para o Estado do Rio Grande do Sul, uma vez que há diversas Indústrias de equipamentos em todo o Estado envolvidos nesta cadeia produtiva e com grandes prejuízos.

Petrobras como Instrumento de Políticas Públicas e a Responsabilidade da empresa

Ponto fundamental do documento é a responsabilidade da empresa estatal. Pela Constituição de 1988 todas as Empresas Estatais, inclusive as de economia mista como a Petrobras, estão submetidas às regras gerais da Administração Pública e estão subordinadas às finalidades do Estado, como a promoção do desenvolvimento e implementação de políticas públicas.

O estudo aponta que todos os países desenvolvidos possuem Políticas Públicas para setores estratégicos da Indústria, como Noruega (Statoil), Reino Unido, Holanda, França, Estados Unidos, Itália, China, Índia, Coréia do Sul, Japão, entre outros.

A situação econômica da Petrobras que hoje é argumento para a desestruturação da Indústria Naval, foi desencadeada, além dos atos de corrupção, pela queda do preço do petróleo e à flutuação cambial. Giroldo reforça que mesmo coma troca de Direção da Petrobras a empresa não se exime da responsabilidade social, uma vez que, até o momento, não houve qualquer ação de compensação ou redução de danos para as regiões afetadas.

MANIFESTAÇÕES

O conselheiro fiscal da APL, Arthur Gibon, reforçou a importância de apresentar dados técnicos sobre a retomada do pólo para que assim, a sociedade se aproprie do tema e tenha consciência do realmente é viável: “Precisamos que a comunidade entenda essa discussão, pois essa é uma pauta nacional”.

Representando a Prefeitura de São José do Norte, Mário Manuel falou sobre o problema social enfrentado pelo município acarretado principalmente pelo desemprego: “Hoje registramos mais um homicídio em São José do Norte. Estamos enfrentando um problema grave de segurança pública em função do desemprego”.

A responsabilidade social da Petrobras também foi cobrada pelo secretário de imprensa da Federação dos Metalúrgicos do RS, Milton Viário, que falou ainda sobre a importância deste tema transcender as disputas político-partidárias.

O Prefeito do Rio Grande, Alexandre Lindenmeyer, relatou os encaminhamentos frutos de reuniões da última semana na Câmara Federal e no Senado e reforçou a importância da união de todos pela luta na retomada da indústria naval. “Hoje já temos esta visão técnica que nos permite o contraponto. Não estamos sozinhos, temos aqui capital e trabalho, um movimento pluripartidário que nos permite discutir e lutar pela retomada do emprego e renda”.

Assessoria de Comunicação / PMRG