Tá em Pauta fala sobre o empoderamento feminino

A Câmara do Comércio trouxe para o “Tá em Pauta”, desta terça-feira, 30, a comandante Nádia Rodrigues Oliveira Gerhard, a primeira comandante de um batalhão da Brigada Militar, no Rio Grande do Sul. Com um pensamento diferenciado, atraiu a atenção de todos os participantes deste encontro, promovido pela entidade em parceria com o Grupo RBS. Antes de sua palestra, o presidente Antônio Carlos Bacchieri Duarte fez a abertura do evento, lembrando sobre a recente eleição para governador e presidente da República.

“Vivemos um grande momento, em que elegemos um novo governador e um novo presidente da República. Gostaria de deixar uma mensagem para todos: as eleições terminaram às 19h de domingo. Temos que pensar agora não mais em ideologias e sim pensar no que podemos fazer por este Brasil e por este Estado. É uma satisfação muito grande para nós, da Zona Sul, ter um governador eleito da região. Um jovem que nesta cidade fez 76,28% dos votos comprova que não foi um voto ideológico. Então, que tenhamos uma mensagem positiva. A urna mostrou o caminho, agora é aprovar as reformar, tratar um pouco mais de segurança, tratar um pouco mais de saúde, da educação. E eu espero que vocês estejam neste mesmo espírito”, concluiu ele.

Palestrante

A comandante Nádia mostrou um feminismo diferenciado, onde como ela coloca “não há a necessidade de se queimar sutiãs”. Para ela, homens e mulheres tem o seu poder. “É só a gente reativar e fazer essa pessoa descobrir onde está o seu poder. Eu digo que a gente tem que fortalecer a mulher, fazer ações afirmativas para que as mulheres saiam de seus locais de acomodação e possam encontrar na rua o emprego, o empreendedorismo, um local para exercitarem o poder. O poder de também ser transformadora na sociedade. É isso que precisamos: de pessoas que façam a mudança a partir de sua capacitação, da sua especialização”, apontou.

Ela observou esteve em Rio Grande para conversar e refletir sobre o papel da mulher na sociedade,. “Nós temos que fazer uma avaliação. Hoje, por exemplo, estou vereadora em Porto Alegre. As mulheres já ultrapassaram a época de ficar apenas em gabinetes. Atualmente estão em vários setores e segmentos, como nas polícias, estão na construção civil, estão nas Forças Armadas, na Marinha, no Exército. As mulheres são empreendedoras. Até pouco tempo, tinham acesso a duas condições apenas: professora ou atuante na área da saúde. Depois na área do comércio, mas como vendedoras. Mas agora, elas são empresárias e atuam nos mais diversos ramos, expandindo para outros empreendimentos, o que faz com que haja uma movimentação no mercado. Eu digo para os homens que as mulheres não querem ocupar o lugar deles. Pelo contrário, queremos estar lado a lado mostrando uma outra visão daquilo que pode ser feito”.

A comandante Nádia informou ainda que as mulheres ingressaram na Brigada Militar em 1985 e ela entrou em 1989. “Isso significa que fui uma das primeiras. E como uma das primeiras, acredito que não precisamos queimar sutiãs. Nós temos sim que estar no lugar de destaque, não por sermos mulheres, mas por termos a competência e a especialização devida para aquela função. A Brigada Militar tem 180 anos. E, pela primeira vez, em 2007, decidiram colocar uma mulher no comando. Porque a instituição tinha que se atualizar, quebrar paradigmas e porque as mulheres estavam dirigindo carros, ônibus, táxis. E a Brigada Militar não podia estagnar no tempo”, observa.

Contou ainda que houve fatos que hoje podem parecer comédia, mas os quartéis eram organizados para homens, desde os banheiros até os uniformes. “Aí entram mulheres. São coisas básicas que a instituição das polícias, onde a maioria é homem, tiveram que se adaptar também. Se era difícil para as mulheres, imaginem para os homens. E nós mulheres fizemos de tudo, trabalhamos no campo, em exercícios de sobrevivência. Jamais imaginei passar um tempo no campo sem ir ao banheiro, sem fazer as unhas. Jamais pensei que iria fazer. Mas fiz. Porque eu queria fazer. Assim como meus colegas homens fizeram. E não tem nenhuma diferenciação. Porque o que diferencia homens e mulheres e capacidade. Essa é que nos faz estar em lugares diferentes”, salientou.

Ela expôs aos presentes, a evolução da mulher durante os séculos. “Passamos de simples objetos, de seres destinados ao lar e a procriação e avançamos. Hoje estamos em todos os segmentos. Mas ainda falta muito”, concluiu ela. O Tá em Pauta é uma reunião-almoço que ocorre mensalmente na Câmara de Comércio e tem o patrocínio: Refinaria Riograndense, Sintermar, Tecon, Guanabara, Vetorial e Yara Brasil.