Uma reunião convocada às pressas pela Petrobras para o final da manhã desta quinta-feira marcou o reinício das negociações com a QGI para manter a integração das plataformas P-75 e P-77 no polo naval de Rio Grande.
O contrato de US$ 1,6 bilhão, com potencial para gerar até 4 mil empregos, se tornou alvo de impasse em junho do ano passado, quando a estatal anunciou que não concordava com pedidos de aditivos feitos pela QGI.
Ainda não há acordo para manter o serviço em Rio Grande, mas, na avaliação de fontes informadas sobre o encontro, o resultado é positivo. Em maio, a petroleira anunciou que poderia encaminhar as plataformas para o Exterior. Na semana passada, parte dos diretores da QGI já dava o negócio como perdido. Nesta quinta-feira, pela primeira vez, teria havido participação da alta cúpula da estatal nas reuniões.
Um primeiro encontro começou às 11h desta quinta-feira, na sede da estatal no Rio de Janeiro, e durou cerca de três horas. Uma nova reunião foi convocada às 17h — mais quatro horas de discussão. Fontes que acompanham o caso relataram que a série de tratativas buscam detalhar, ponto a ponto, as razões do pedido de mudanças.
A retomada ocorreu um dia após o diretor da QGI, Marcos Reis, se reunir com o governador José Ivo Sartori e expor o impasse. O prefeito de Rio Grande, Alexandre Lindenmeyer (PT), mobilizou aliados. A dificuldade de aprovar o aditivo de 12% ao valor do contrato cresceu após a deflagração da Operação Lava-Jato, quando a Petrobras adotou regras mais duras nesse tipo de negociação.
Enquanto o impasse persiste, o clima na cidade é de preocupação. O Sindicato dos Metalúrgicos do Rio Grande prepara mobilização em Brasília para pressionar o governo a manter a política de conteúdo nacional e a produção no município.Uma longa divergência
Setembro de 2013
Assinatura do contrato no valor de US$ 1,6 bilhão para integração dos módulos entre a QGI e a Petrobras no Palácio Piratini, com a presença da presidente Dilma Rousseff e da então presidente da Petrobras, Graça Foster.
Fevereiro de 2014
No prazo previsto de 150 dias, a QGI remete à Petrobras lista de 70 alterações necessárias para cumprir o escopo de performance, segurança e certificação. O custo seria equivalente a 12% do total, dentro da média de 10% a 15%.
Junho de 2014
A Petrobras responde oficialmente à QGI que não concorda com as alterações propostas.
Junho a novembro de 2014
Foram feitas 36 reuniões para tentatar aproximar as propostas das empresas.
4 de fevereiro de 2015
Quase toda a diretoria da Petrobras renuncia, em decorrência do mau desempenho financeiro e do escândalo da Operação Lava-Jato.
6 de fevereiro de 2015
A QGI envia correspondência à Petrobras em que informa a disposição de abrir mão da tarefa, “por estar impedida de cumprir o objetivo do contrato”.
Março de 2015
Passados os primeiros dias do rearranjo interno, a Petrobras procura a QGI propondo uma trégua.
5 de junho de 2015
Após a penúltima reunião até agora, diretor da QGI recebe ligação da estatal informando que não havia sido possível conciliar interesses, com alta probabilidade de a montagem das plataformas ser levada para o Exterior.
Nesta quinta-feira
Petrobras e QGI retomam negociação em torno do aditivo contratual.Erik FarinaZero Hora