O Salão Nobre da Câmara de Comércio esteve lotado nesta quarta-feira, 27, na reunião-almoço “Tá em Pauta”, realizada em parceria com a RBS, quando o presidente da Yara Brasil e vice-presidente da Yara Internacional, Lair Hanzen, proferiu a palestra “Conhecimento e crescimento para uma agricultura sustentável”. Compareceram associados, lideranças empresariais e autoridades, dentre elas o prefeito Alexandre Lindenmeyer.O presidente da entidade, Torquato Ribeiro Pontes Neto, em sua saudação de abertura considerou “louvável o investimento de R$ 1 bilhão para ampliação das atividades da Yara no município, neste momento em que o país passa por grave momento político com repercussão nos negócios. O prazo de quatro anos do empreendimento é exatamente o que o Rio Grande e o Brasil precisam”.Lair Hanzen salientou que “o investimento de R$ 1 bilhão é para continuarmos crescendo e olhando, também, outras regiões do país”. Ele falou no apoio do secretário estadual do Desenvolvimento Econômico, Ciência e Tecnologia, Fábio Branco, para que o Governo do Estado assinasse um protocolo de intenções no sentido de manter a atual legislação do ICMS, que permite à empresa trazer fertilizante de Paranaguá para Rio Grande sem pagar o imposto, caso contrário não haveria condições de competitividade.Conforme Hanzen, os investimentos no município estão previstos para acontecerem em quatro anos, divididos em três fases: a inicial consiste em aumentar a granulação, produção de fertilizantes final, junto com a armazenagem de fertilizante e mistura. A fase dois consiste na armazenagem e mistura, enquanto a três refere-se à automação de mistura. Serão investidos R$ 100 milhões este ano; R$ 350 e R$ 400 milhões nos próximos dois anos, e R$ 100 milhões no quarto ano.O presidente da Yara Brasil também lembrou que nos últimos três anos a Yara investiu R$ 100 milhões no município com a remodelação do pier. Já os investimentos de R$ 1 bilhão praticamente duplicarão a produção da Yara Brasil em Rio Grande. No pico das obras (segundo e terceiro anos) serão gerados mil empregos diretos e quatro mil indiretos. Afirmou que serão privilegiados fornecedores locais durante as obras, que estarão sob a responsabilidade do Diretor Industrial de Rio Grande, Leonardo Silva.Setor cresce três vezes mais no Brasil A Yara nasceu na Noruega em 1905, já com grande comprometimento em pesquisa. É inventora do fertilizante hidrogenado e essa vocação inovadora permanece, pois investe muito em tecnologia de produção. Trabalha focada em aumentar a produtividade do produtor de forma sustentada. Tem várias parcerias, como com a Embrapa e grandes universidades brasileiras, para o desenvolvimento de tecnologia. É líder mundial de NPK no grão. A empresa chegou ao Brasil no ano 2000 com a aquisição da Adubos Trevo. Em 2013 adquiriu a Bunge Fertilizantes e passou a ter uma presença muito forte no município, com três unidades industriais. Possui participação de 25% no mercado brasileiro de fertilizantes e 40% no Rio Grande do Sul. “Rio Grande é nosso berço e encontra-se aqui nossa maior unidade produtiva”, ressaltou o palestrante. Lair Hanzen disse em sua palestra que “o grande desafio mundial é alimentar 9 bilhões de pessoas. Junto a este grande desafio existe a questão ambiental. Nosso país tem um papel muito importante na produção de comida do mundo e irá substituir os Estados Unidos como o celeiro do mundo. Temos terras disponíveis mais do que em qualquer outra parte do mundo. Temos água, tecnologia, clima abençoado, terra, profissional e competitividade”.Conforme o palestrante, “um quarto do PIB do Brasil vem do agronegócio. Quarenta por cento de nossas exportações vem do agronegócio. Por longo tempo o agronegócio vem carregando toda a balança comercial positiva do Brasil e representa um terço dos empregos no país. No Rio Grande do Sul o agronegócio é mais expressivo. Representa 50% do PIB e 60% das exportações”.Hoje a Yara está presente em todos os principais polos de produção agrícola do país. Atende 20 mil agricultores do Rio Grande do Sul, Santa Catarina, oeste do Paraná e Mato Grosso. Comercializa oito milhões de toneladas de fertilizantes (o mercado brasileiro é de 30 milhões de toneladas) e fatura em torno de R$ 10 bilhões/ano.Hanzen destacou que “o fertilizante é alimento para a planta, é usado na alimentação dos animais e também na indústria farmacêutica. O Brasil mais do que triplicou a produção de grãos nos últimos 20 anos. O país vem crescendo 6% ao ano em fertilizantes , três vezes o crescimento mundial, mas nem tudo são flores. Estamos passando por um momento difícil na economia brasileira e também por uma crise política que nos afeta muito. O câmbio é uma gangorra. O dólar forte não é ruim, torna o país mais competitivo. O problema é a volatilidade cambial. Nossos clientes são muito afetados na questão de crédito, porque a quantidade de reais que precisa para plantar está bem mais cara com o aumento do câmbio. Ainda temos os problemas de infraestrutura, como as questões portuárias e transporte que poderiam tornar nosso país bem mais competitivo. Outro aspecto que nos complica muito é a instabilidade fiscal. Temos a legislação do ICMS por estado, que prejudica nossa competitividade”.
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